A política não é uma ciência exata, contudo os movimentos dos seus atores promovem uma percepção quase científica do cenário. As investidas contra o candidato Diego Libardi, dos Republicanos, com a famigerada ação do grupo do candidato Theodorico Ferraço (PP) para barrar a candidatura do jovem na Justiça, sintetizam o grau de preocupação e estrago que ele pode estar causando no veterano.
Diego Libardi desde o início tem sido alvo do ódio esguichado pelo deputado estadual de entrar na disputa para conter o ímpeto eleitoral do seu iniciado nas eleições de 2020. Ferraço saiu do campo da amizade, passou do âmbito de adversários e acampou na área da inimizade política e pessoal.
Esses sentimentos facciosos vieram do coração do “ferracismo”, de dentro de casa, quando a esposa Norma Ayub (PP) perde a vaga para deputada federal em 2016. Atribuem a decadência ao Libardi que disputou a mesma eleição e foi mais bem votado do que o casal, dentro de Cachoeiro de Itapemirim-ES.
PESQUISA
Se Ferraço tivesse mesmo hoje 30% de frente como tem vociferado nas suas redes sociais, por que tanta preocupação com seu ex-pupilo? Fico vergonhoso explanar em voz alta, então ele se reprime. Para piorar, a percepção social não aponta essa diferença e sim uma proximidade de ambos para o embate final.
Essa percepção cognitiva do eleitorado também aponta o crescimento do petista Carlos Casteglione (PT) e da Lorena Vasques (PSB), candidata do prefeito Victor Coelho. E se todos sobem, inclui-se Léo Camargo (PL), é obvio que o do andar de cima vai cair. Não precisa ser gênio para concluir esse resultado natural.
ALIANÇAS
A questão específica de mirar Diego como alvo nos bastidores está ao ponto do surrealismo. Usa o PRD, Partido Renovação Democrática), como pretendia no início fazê-lo com o Podemos de Gilson Daniel que entrou de vez na campanha do candidato Republicano que conta também com os partidos AGIR, AVANTE, PMN, PSD, Podemos, Solidariedade e União Brasil.
Ferraço na pré-campanha chegou advertir Gilson Daniel que o Podemos era partido da base do governador Renato Casagrande (PSB) como ele próprio e o PP. Não deu certo. Agora, em ação da sigla do PRD, mistura Marcelo Santos, União Brasil e outros ingredientes para criar uma impressão de fraqueza do grupo de alianças conquistada pelos Republicanos. Nova derrota da família Ferraço.
PREFEITO
O prefeito Victor Coelho (PSB) não está morto nesse imbróglio. Já entrou com ação de abuso de poder econômico contra Ferraço, a partir de suas próprias promessas, e o parlamentar começou a se sentir acuado porque pensou que iria falar sozinho mostrando somente o seu passado. Entretanto, reações do eleitorado que almeja soluções para presente e para o futuro são perturbadoras.
É como camisa de força, quanto mais se mexe para se soltar, mais preso fica ao incômodo. A ação na justiça para embargar candidatura de Diego é o simbolismo de certo grau de desespero do candidato do PP. Um factoide. Mas a ousadia sem veneno sinaliza vulnerabilidade. Enquanto o autor escreve, o rio caminha para o mar em volúpia não esperada por Ferraço.
PESADELO
Ferraço tem um pesadelo que o assombra desde os anos 70, seguindo nas conquistas dos seus quatro mandatos. Nunca auferiu nas eleições em que venceu 50% mais 1. Sempre na casa dos 40% dos votos válidos. Este feito só foi batido por duas vezes pelo prefeito Victor Coelho. Existe, sim, um ressentimento. Não consegue entender a o motivo da rejeição da maior parte do eleitorado.
Agora nem se trata mais de bater o seu próprio recorde de votação. Ferraço carece de vencer a qualquer custo, com qualquer placar. Aos 87 anos (completa em novembro), ele se recusa decepcionar a esposa, os empresários e o filho vice-governador.
Sobre números de pesquisa cientifica, todos têm a verdade em mãos. Só se engana quem precisa do expediente da camuflagem, precocemente.