Minha mãe e a fratura do sistema da Saúde de Cachoeiro de Itapemirim-ES

Fui acordado hoje, 21, por volta das 8h00, pela vizinha de minha mãe Maria Luzia, sobre um acidente de madrugada em que ela caiu e bateu com rosto no chão e seu punho sofreu fratura. Fui socorrê-la e a dor estava em toda sua expressão corporal, com gemidos de 75 anos.

Então, começa a saga. Levei-a ao Pronto Socorro Paulo Pereira com certa desconfiança, mas tinha de saber como era essa correria da maioria das pessoas incautas. De 9h00 até sair com uma solução de encaminhamento, levou 5 horas, de sala em sala. 

O filho, este que vos escreve, de pouca tolerância, em dado momento, esperando a roleta da sorte rodar para encontrar vaga ortopédica na Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim-ES, foi tomado de um surto. A espera infinita é dor maior do que a dor localizada em si. E no caso eu assistia a isso na feição da minha santa mãe.

Contra um sistema capenga e funcionários indiferentes, gritei palavra de ordem sobre prazo e a resposta veio a cavalo que o protocolo não prevê tempo de atendimento, que aguardasse pela eternidade, porque a sorte estava lançada. Ameacei tirá-la de lá e o setor reagiu como se minha mãe fosse propriedade do sofrimento padrão nesse poço de lágrimas. 

Depois de uma dosagem de confronto com a gerente do setor, a vaga no hospital apareceu após 10 minutos de entrave beligerante. Então apareceu ambulância e ela seguiu para o destino incerto. Imagina se fosse caso de vida ou morte. A morte seria certa.

Neste momento, 16h58, ela está no quarto, aguardando cirurgia no osso rádio da mão esquerda. Não tem data da operação. No aguardo do profissional da área se manifestar. Pensei eu: ela levou 9 meses para me parir e agora tem que aguardar, idosa, a perversa “eficiência” do Sistema Único de Saúde. Não tem como não doer.

Para não cansar o leitor, encerro essa parte dos descaminhos de um deficiente corredor da Saúde ofertado a todos já anestesiados pelo sofrimento recorrente em que o a celeridade do tempo é artigo de luxo, bem distante do que se promete os criadores e avalizadores dessa valeta, principalmente, em períodos eleitorais.